Ibovespa teve mais pregões de queda do que alta em 2024
Levantamento da consultoria Elos Ayta mostra que é a primeira vez há mais pregões negativos do que positivos desde 2015. Painel mostra variação de mercado ...
Levantamento da consultoria Elos Ayta mostra que é a primeira vez há mais pregões negativos do que positivos desde 2015. Painel mostra variação de mercado na B3, em São Paulo. Amanda Perobelli/Reuters O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, teve mais pregões negativos do que positivos em 2024. Foram 127 pregões de queda entre os 250 dias de negociação no ano, o que representa 50,8%. O levantamento foi feito por Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta. Em 2024, o Ibovespa registrou perdas de 10,36% no acumulado do ano. "Esse desempenho reflete um cenário de alta volatilidade e desafios estruturais no mercado financeiro brasileiro", diz Rivero. "A análise ressalta que a combinação de juros elevados, dólar valorizado e fatores políticos domésticos impactaram especialmente setores como energia elétrica, alimentos processados e saneamento, que mostraram resiliência em 2024." A pesquisa analisou 176 ações dos índices Ibovespa, Small Caps, IDIV e IBRX100, e mostrou quais empresas tiveram o maior número de pregões negativos. A líder do ranking foi a Localiza, em que 59,2% dos pregões foram de queda. Em seguida, vêm Gafisa (58,8%), Vale (58,4%) e Unipar (58%). (veja a lista de destaques abaixo) Ações com mais pregões negativos em 2024 Reprodução/Elos Ayta Clima ruim no mercado O mercado financeiro terminou o ano em clima tenso devido a fatores externos e internos, como conflitos internacionais, juros nos EUA, eleição de Donald Trump e expectativas sobre as contas públicas brasileiras. No fim do ano, o foco foi o quadro fiscal do Brasil, com receios sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo em novembro. O governo precisa reduzir os gastos para zerar o déficit público em 2024 e 2025, conforme as regras do arcabouço fiscal. O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. São as regras definidas pelo arcabouço fiscal, o conjunto de normas para controle das contas públicas. Em termos simples, os receios do mercado financeiro em relação às contas públicas se refletem no dólar da seguinte forma: Sem cortar gastos, o país tem uma perspectiva menor de controle da dívida pública; Um país mais endividado tem uma probabilidade maior de não cumprir com seus compromissos financeiros, e se torna mais arriscado; Um país mais arriscado só se torna atrativo se pagar juros mais altos pelos títulos; Com países mais seguros pagando juros mais altos no exterior, o Brasil fica menos atrativo; Se o Brasil está pouco atrativo, os investidores tiram dólares do país, enfraquecendo o real e derrubando a bolsa. Ana Flor: Dólar em alta e efeito Trump preocupam