Haddad cita déficit menor, critica falhas em previsões e diz que não vai 'parar de trabalhar'
Segundo o ministro, déficit primário de 2024 ficará em 0,1% e PIB será de 3,6%. Em entrevista nesta terça-feira (7) à GloboNews, Haddad também criticou c...
Segundo o ministro, déficit primário de 2024 ficará em 0,1% e PIB será de 3,6%. Em entrevista nesta terça-feira (7) à GloboNews, Haddad também criticou comunicação do governo: 'precisamos nos comunicar melhor'. Brasil terá déficit de 0,1% em 2024, diz Haddad O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista exclusiva à GloboNews nesta terça-feira (7) que o déficit de 2024 será menor do que o previsto pelo mercado e criticou falhas nas previsões. ➡️ De acordo com Haddad, o déficit primário do Brasil ficará em 0,1% e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será de 3,6%. Os dados não consideram os gastos com a tragédia do Rio Grande do Sul. Tivemos problema grave de comunicação no governo, diz Haddad 'Não significa que vamos concordar sempre', diz Haddad sobre relação com BC e Galípolo "Um ano atrás, a previsão do mercado era de 0,8% do PIB. Vamos nos lembrar que era antes do episódio trágico do Rio Grande do Sul que consumiu 0,27% do PIB para atender a população. Era 0,8%, vamos terminar o ano com 0,1% do PIB". "Assim como aconteceu com 2024, que o mercado estava projetando um déficit muito maior do que o que aconteceu, acredito que em 2025 nós vamos ter o mesmo resultado. Quando você olha para o passado, ninguém se surpreende com a falha da sua própria previsão". A meta do ano passado era de déficit zero, equilibrando receitas e despesas. Mas a regra fiscal fixa um intervalo de tolerância de até 0,25% do PIB. Questionado sobre possíveis medidas adicionais após a aprovação do novo arcabouço fiscal, o ministro afirmou, sem entrar em detalhes: "não vamos parar de trabalhar". 'Precisamos nos comunicar melhor' Haddad também admitiu problemas de comunicação no governo. "Nós tivemos um problema grave de comunicação. Precisamos nos comunicar melhor. O mercado está muito sensível no mundo inteiro. Não é uma situação normal que o mundo está vivendo e essa é outra parte da história", disse o ministro. Segundo Haddad, o vazamento de medidas que ainda estão em análise também atrapalha. ""Muitas vezes, eu não posso antecipar uma medida. Porque ela não está madura, porque ela está sendo trabalhada na cozinha da Fazenda, para verificar se ela tem aderência, se vai apresentar o resultado pretendido ou se ela vai dar eventualmente um problema de difícil solução. Às vezes um exercício que é encomendado vaza como uma medida já tomada". O ministro falou sobre o pacote de ajuste fiscal. "Se o plano traçado pelo Ministério da Fazenda for a termo, chegar ao final do jeito que nós planejamos, nós vamos chegar muito mais arrumada do que nós herdamos, que é minha missão lá enquanto ministro da Fazenda, entregar muito melhor do que nós recebemos, sem maquiagem, sem contabilidade criativa, sem calote, sem vender estatal na bacia das almas para favorecer grupos econômicos". Nesta segunda (6), o ministro se reuniu com o presidente Lula, e o orçamento de 2025 - que deve ser votado em fevereiro - foi o tema central da conversa. Segundo Haddad, a reunião durou três horas. "Para tratarmos da necessidade de sermos mais diligentes e mais cuidadosos que nunca". Governo precisa se comunicar melhor, diz Haddad Mais flexibilidade Questionado se o governo prepara um novo decreto de ajuste fiscal, o ministro disse que primeiro é preciso aprovar o orçamento e adequá-lo ao pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso. "Nós primeiro temos que adequar o orçamento às medidas já aprovadas, que garantem flexibilidade na execução que não tivemos nos últimos dois anos". Ele disse ainda que não gosta de falar em pacote "dois, três", mas que o governo está em constante estudo para avaliar a adequação dos gastos. Sobre a previsão de crescimento do endividamento público, Haddad disse que, quando o novo arcabouço fiscal for implementado, a dívida irá estabilizar e depois vai cair. Ele disse ainda que governo afastou ideia de ficar meta para a dívida. 'Galípolo sabe qual é missão do BC' O ministro falou também sobre o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. "O meu papel ali é resolver tecnicamente o problema, é o que eu tentava fazer com Roberto Campos e como eu farei com Gabriel Galípolo. Isso não significa dizer que nós vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel". Haddad explica que o BC consulta uma série de atores, além de dialogar com a sociedade, e depois um colegiado de nove pessoas se reúne e toma decisões autônomas. "Isso não vai mudar com o Gabriel, e eu tenho a absoluta confiança de que ele sabe qual a missão do Banco Central". Reforma no IR com corte de gastos foi erro Haddad foi questionado se misturar imposto de renda com contenção de gastos foi um problema. "É... esse foi um dos problemas, o tempo de maturação das medidas talvez tenha sido excessivo, tenha criado expectativas". Isenção do imposto de renda deve sair em 2025 "O ano de 25 vai ter que contar com um debate amplo na sociedade sobre a reforma da renda", disse Haddad. Ele acredita na aprovação da proposta até o final do ano, para mudança ser aplicada em 2026. Reforma no IR com corte de gastos foi erro, afirma Haddad Entrevista com Fernando Haddad GloboNews