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Dólar cai para R$ 6,11, com notícia de que Trump pode taxar menos setores; Ibovespa sobe

A moeda norte-americana recuou 1,14%, cotada a R$ 6,1109. O principal índice de ações da bolsa de valores subiu 1,26%, aos 120.022 pontos. Karolina Grabowsk...

Dólar cai para R$ 6,11, com notícia de que Trump pode taxar menos setores; Ibovespa sobe
Dólar cai para R$ 6,11, com notícia de que Trump pode taxar menos setores; Ibovespa sobe (Foto: Reprodução)

A moeda norte-americana recuou 1,14%, cotada a R$ 6,1109. O principal índice de ações da bolsa de valores subiu 1,26%, aos 120.022 pontos. Karolina Grabowska/Pexels O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (6), negociado a R$ 6,11. A principal notícia para os mercados veio com o indicativo de que o governo de Donald Trump deve impor menos tarifas aos produtos importados do que prometido na campanha. Segundo o jornal “The Washington Post”, assessores de Trump querem tarifas mais elevadas apenas em setores-chave para a segurança do país, como energia e defesa. Trump negou as informações em sua rede social ainda pela manhã. "Isso está errado. O Washington Post sabe que está errado. É apenas outro exemplo de 'fake news'." O mercado reagiu bem à possibilidade de tarifas menores, pois isso reduziria a inflação nos EUA. Com menos inflação, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não precisaria aumentar as taxas de juros. Rendimentos menores dos títulos públicos ampliam o apetite dos investidores por investimentos mais arriscados ou países com juros mais altos, tirando força do dólar. Além disso, está prevista a divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos para esta semana, que podem dar pistas sobre quais devem ser as próximas decisões do Fed. No Brasil, a inflação de dezembro e o número fechado de 2024 devem sair na sexta-feira (10). O resultado pode confirmar o estouro da meta da inflação pelo terceiro ano consecutivo. A meta para 2024 era de 3%, e seria considerada cumprida se ficasse entre 1,5% a 4,5%. Com o mesmo cenário, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta. SAIBA MAIS: ÚLTIMO PREGÃO DE 2024: Dólar acumula alta 27% no ano; Ibovespa tem recuo de 10% DE R$ 5,67 PARA ACIMA DE R$ 6: Entenda a disparada do dólar neste fim do ano O TOM DE LULA: Falas do presidente impactaram a moeda em 2024; entenda Veja abaixo o resumo dos mercados. Dólar acumula alta de quase 28% em 2024 Dólar O dólar caiu 1,14%, cotado a R$ 6,1109. Na mínima do dia, chegou a R$ 6,0927. Veja mais cotações. Com o resultado, acumulou: queda de 1,11% no mês e no ano. Na última sexta-feira (3), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,30%, cotada a R$ 6,1811. Ibovespa O Ibovespa subiu 1,26%, aos 120.022 pontos. Com o resultado, acumulou: perda de 0,22% no mês e no ano. Na sexta, o índice encerrou em baixa de 1,33%, aos 118.533 pontos. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair O que está mexendo com os mercados? O destaque deste pregão no mundo foi a notícia de que a equipe de Trump estuda aplicar menos tarifas de importação do que o prometido pelo presidente durante a campanha eleitoral. No final de novembro do ano passado, Trump prometeu taxar em mais 10% os produtos chineses e em 25% os produtos mexicanos e canadenses. Em um post na rede social Truth Social, o presidente disse que "esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, especialmente o fentanil, e todos os imigrantes ilegais ponham fim a esta invasão do nosso país". Trump também prometeu taxar produtos vindos de outros países. A ideia por trás dessas taxações, explica o analista financeiro Vitor Miziara, é justamente deixar os produtos importados mais caros, para que os americanos deixem de importar e, com a demanda ainda existindo, as empresas nacionais passem a produzir os produtos que antes vinham de fora, favorecendo o mercado de trabalho americano. "O grande receio que se tinha em relação a isso no mundo era a inflação que isso poderia causar. Se ele coloca tarifas de importação, há duas opções: ou as pessoas que importam vão continuar importando e, ao pagar mais caro, vão repassar os preços e gerar mais inflação, ou vão parar de importar", afirma. Mesmo com a redução de importações, os produtores locais demorariam até produzir o suficiente para recompor a demanda da população. Até essa equiparação entre oferta e demanda, haveria escassez de produtos e, também, maior inflação. "Uma inflação muito grande eleva as expectativas por juros mais altos e por mais tempo", pontua Miziara. Assim, com a expectativa de que as tarifas devem ser aplicadas apenas em setores mais específicos, a projeção é de menor inflação e menos juros também, reduzindo a força do dólar. Ainda no cenário externo, o mercado está na expectativa pela divulgação de novos indicadores econômicos nesta semana, principalmente os de mercado de trabalho nos Estados Unidos. Uma geração de emprego forte mostra resiliência da economia, mas aumenta temores com a inflação persistente. Mais empregos colocam mais dinheiro nas mãos da população, gerando mais demanda e impacto nos preços. Investidores olham para os números do mercado de trabalho com atenção porque podem trazer pistas sobre a condução do Fed com os juros americanos. Mais inflação pode reduzir o ritmo de corte de juros adotado pela instituição desde o ano passado. No Brasil, além da expectativa pela inflação fechada de 2024 na sexta, também é aguardada uma nova sinalização do governo federal sobre corte de gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta segunda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após o encontro, ele afirmou à imprensa que o Orçamento de 2025 foi o tema central da conversa. A expectativa é que o orçamento seja votado em fevereiro. Sem a peça orçamentária aprovada, o ano começa com algumas restrições, mas a área econômica diz não ver impacto no funcionamento do governo. "Tem uma regra pra isso [de execução], enquanto não votar o orçamento no começo do ano. E, no começo do ano, tem sempre uma execução mais lenta mesmo, ordinariamente. Mas nós temos que discutir falar com o relator para ajustar o orçamento às perspectivas do arcabouço fiscal e das leis que foram aprovadas, no final do ano passado", disse Haddad. Uma das razões para o orçamento não ter sido aprovado no ano passado foi a demora na aprovação das medidas de cortes de gastos, entre elas restrições no ritmo de aumento do salário mínimo e nas regras de acesso do abono salarial, por exemplo. Segundo o ministro da Fazenda, novas medidas de cortes de gastos ainda não começaram a ser discutidas. No fim do ano passado, Haddad indicou que levará novas recomendações ao presidente Lula. "Nós não conversamos sobre sobre isso [propostas de cortes de gastos] hoje, conversamos sobre outros temas. Mais o planejamento do ano, a questão do orçamento que ainda precisa ser votado", acrescentou o ministro. Haddad também negou a possibilidade de elevar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a saída de dólares do Brasil — uma eventual medida que poderia conter a alta da moeda norte-americana. Este é um temor que circula pelo mercado financeiro. "A questão do dólar, a gente precisa entender isso. Tem um processo de acomodação natural. Nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo. Tivemos aqui um estresse também no Brasil", disse. "E hoje mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos [Donald Trump] deu declarações moderando [propostas feitas durante a campanha]. É natural que as coisas se acomodem." O mercado também monitora as ações do Banco Central do Brasil (BC), para saber se a instituição deve promover novos leilões para tentar conter o avanço do dólar. Tanto o avanço do dólar, quanto a inflação acima da meta já aparecem refletidos nas projeções captadas pelo boletim Focus, relatório semanal do BC que reúne as expectativas de economistas do mercado financeiro. Na primeira edição do ano, a projeção de inflação para 2025 é de 4,99%, também acima da meta de 3%, como deve ser em 2024. Já para o dólar, as estimativas são de que a moeda encerre o ano cotada a R$ 6 — antes a previsão era de R$ 5,96.