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Brasil tem saída recorde de recursos financeiros em 2024, mas ingresso de dólares por conta de exportações atenua saldo negativo

Números do fluxo cambial do ano passado foram divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira. Saída de recursos se concentrou no fim do ano, quando houve di...

Brasil tem saída recorde de recursos financeiros em 2024, mas ingresso de dólares por conta de exportações atenua saldo negativo
Brasil tem saída recorde de recursos financeiros em 2024, mas ingresso de dólares por conta de exportações atenua saldo negativo (Foto: Reprodução)

Números do fluxo cambial do ano passado foram divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira. Saída de recursos se concentrou no fim do ano, quando houve disparada do dólar. #dolar Marcello Casal Jr/ABr A saída de dólares do país pela conta financeira em 2024 totalizou US$ 87,2 bilhões e bateu recorde, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (8). Foi a maior saída de recursos por essa conta desde o início da série histórica do BC, em 1982, ou seja em 43 anos. Até então, a maior retirada havia sido foi registrada em 2019, quando US$ 65,8 bilhões deixaram o Brasil por esta via. A conta financeira inclui: compra e venda de dólares relativas a serviços, como de turismo, alugueis, transportes, além de rendas (remessas de filiais ao exterior), investimentos e aplicações financeiras no exterior (bolsas de valores, moedas ou mercado futuro, por exemplo). Entretanto, essa é somente uma das contas que forma todo o fluxo cambial brasileiro. Além da financeira, o fluxo total de dólares que entra e sai do país também engloba outra conta: a conta comercial — que registra as compras e vendas de dólares relacionadas com as exportações e com as importações. Por meio da conta comercial, em 2024, ingressaram US$ 69,2 bilhões no Brasil por conta das exportações. Considerando toda movimentação de dólares em 2024, incluindo as contas comercial e financeira, houve a retirada de US$ 18 bilhões do país. Essa é a maior saída de recursos anual desde 2020, quando US$ 27,9 bilhões deixaram a economia brasileira. Somente no mês de dezembro, ainda de acordo com o Banco Central, US$ 28,8 bilhões saíram do país pela conta financeira, enquanto outros US$ 2,45 bilhões ingressaram pela conta comercial. Ao todo, o mês passado terminou com a retirada total, envolvendo as duas contas, de US$ 26,4 bilhões do Brasil. Disparada do dólar Como a alta do dólar impacta o dia a dia de consumidores Com a forte saída de recursos do país, principalmente em dezembro do ano passado, o dólar operou pressionado, atingindo cotações máximas, chegando a operar acima de R$ 6,20. A escalada da moeda norte-americana em 2024 é resultado de uma série de fatores externos e internos, como conflitos internacionais, nível de juros nos Estados Unidos, eleição de Donald Trump e expectativas em torno das contas públicas brasileiras. A disparada do dólar: entenda o salto de R$ 5,67 para o recorde de R$ 6,09 em apenas um mês Especialmente no fim do último ano, os holofotes ficaram com o quadro fiscal do Brasil, em meio a receios do mercado financeiro sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo no fim de novembro. Por conta disso, o BC vender cerca de US$ 19 bilhões, em dezembro, no mercado à vista, o que contribuiu para baixar as reservas internacionais brasileiras no ano passado. Além da retirada de recursos, analistas avaliam que dúvidas sobre a capacidade de pacote de corte de gastos conter a alta da dívida pública também pesaram, influenciando a moeda norte-americana. A saída atípica de recursos do país, no fim do ano passado, foi apontada pelo ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Na ocasião, ele reafirmou que o câmbio é flutuante no Brasil, ou seja, que o dólar sobe e desce de acordo com as operações no mercado, mas explicou que, diante da saída de divisas, o BC resolveu intervir no câmbio, por meio de leilões de venda de moeda. "Há saída maior de pessoa físicas, por plataformas, com volumes menores. A gente discute entre a gente e tenta fazer uma intervenção que se contrabalenceie o fluxo que está vendo [de saída]. Geralmente a gente fatia [as intervenções] em alguns dias, o volume [equivalente às retiradas]", acrescentou Campos Neto, no fim do ano passado. Campos Neto e Galípolo consideraram que não existe um ataque especulativo contra o real